Nesta terça-feira (20), a Justiça alemã rejeitou o recurso de apelação de Irmgard Furchner, uma ex-secretária de campo de concentração nazista, hoje com 99 anos. Furchner foi condenada em 2022 por seu papel no campo de concentração de Stutthof, onde trabalhou como estenógrafa no comando do campo durante a Segunda Guerra Mundial. O campo, localizado próximo à cidade polonesa de Gdansk (antiga Danzig, ocupada pelos nazistas), foi palco da morte de mais de 60.000 pessoas.
Condenação e apelação
Irmgard Furchner foi condenada pelo Tribunal Regional de Itzhoe por “auxílio e cumplicidade em 10.505 casos de assassinato e em cinco casos de tentativa de assassinato”. Dada sua idade na época dos crimes – entre 18 e 19 anos – ela foi julgada em um tribunal juvenil, recebendo uma sentença suspensa de dois anos. No início de 2024, Furchner apelou contra essa condenação, alegando questões relacionadas ao seu papel no campo.
Decisão do Tribunal Federal
O 5º Senado Criminal do Tribunal Federal de Justiça da Alemanha rejeitou o recurso de Furchner, confirmando a condenação. O tribunal determinou que o trabalho dela como estenógrafa foi vital para o funcionamento do campo de concentração de Stutthof, auxiliando diretamente o comandante do campo e contribuindo para a execução das atrocidades cometidas. A decisão enfatizou que Furchner desempenhou seu papel de forma eficiente, permitindo a continuidade das operações do campo, que resultaram em mortes em massa.
Precedente legal
A decisão do Tribunal Federal foi baseada em precedentes legais estabelecidos em julgamentos anteriores, como o caso de John Demjanjuk, outro ex-funcionário de campo de concentração. Esse precedente permitiu a condenação de indivíduos por cumplicidade em assassinato, mesmo que não tenham participado diretamente dos atos de execução. Casos semelhantes, como os de Oskar Gröning e Bruno Dey, seguiram essa mesma linha de raciocínio jurídico.