Novo PAC enfrenta desafios de transparência e integridade, alerta Transparência Internacional

Falta de informações centralizadas e medidas anticorrupção eficazes são riscos apontados pela organização

Após um ano do lançamento do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 11 de agosto de 2023, ainda há preocupações significativas sobre a transparência e integridade dos investimentos realizados. A Transparência Internacional – Brasil destacou que as informações sobre seleção, execução e contratação dos projetos são escassas e dispersas em diferentes portais. Além disso, o programa carece de medidas robustas de integridade para prevenir práticas de corrupção.

Riscos de corrupção e falta de integridade

Em 2022, a Transparência Internacional já havia alertado que um dos principais riscos do Novo PAC seria a vulnerabilidade a esquemas de fraudes e corrupção, similar ao que ocorreu em programas anteriores. A falta de integridade pode impactar negativamente os custos dos projetos, distorcer processos decisórios e aumentar os impactos socioambientais negativos.

Problemas de transparência nos portais

O portal do Novo PAC, administrado pela Casa Civil, fornece apenas dados gerais sobre os empreendimentos, sem disponibilizar acesso detalhado aos contratos, licitações e à execução das obras. Muitas seções do portal estão desatualizadas, com informações defasadas, o que é particularmente preocupante em relação aos investimentos realizados via concessões e parcerias público-privadas (PPPs). O Painel Obras.gov, criado para centralizar informações sobre obras financiadas pelo governo federal, ainda carece de documentos essenciais para identificar possíveis práticas de fraude e corrupção.

Esforços e iniciativas positivas

Apesar das críticas, a Transparência Internacional reconhece os esforços para melhorar os portais de transparência e a criação de espaços para colaboração com a sociedade civil. O Painel Obras.gov, por exemplo, publica informações sobre investimentos do PAC Seleções e está em processo de aprimoramento para incluir mais dados sobre as obras do Novo PAC.

Além disso, o governo brasileiro está executando o 6º Plano de Ação em Governo Aberto junto à Open Government Partnership (OGP), um compromisso que visa promover a transparência e a participação social em políticas de infraestrutura. Esse plano, que já recebeu reconhecimento internacional, é visto como uma oportunidade para fortalecer a integridade no Novo PAC.

Recomendações da Transparência Internacional

A Transparência Internacional – Brasil fez uma série de recomendações ao governo federal para mitigar os riscos de corrupção e melhorar a transparência no Novo PAC:

  • Aprimorar a divulgação de informações: Garantir que as informações sobre o planejamento, contratação, execução e gestão de impactos socioambientais dos investimentos sejam atualizadas, acessíveis e completas.
  • Centralizar dados: Consolidar as informações sobre a execução física e orçamentária dos projetos em um único portal.
  • Executar o Plano de Ação em Governo Aberto: Facilitar o diálogo entre governo e sociedade civil para a construção conjunta de soluções.
  • Fortalecer mecanismos de participação e controle social: Desde as etapas de planejamento até a execução dos projetos, incluindo consultas públicas com os grupos afetados.
  • Reforçar programas de integridade: Melhorar a capacidade dos órgãos responsáveis por detectar, investigar e sancionar práticas de fraude e corrupção.
  • Implementar a nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021): Adoção de instrumentos de transparência e integridade, como o portal nacional de contratações públicas.
  • Fortalecer a governança das estatais: Reforçar os mecanismos de controle interno e compliance, mantendo os critérios rigorosos para cargos de direção.
  • Incluir essas medidas no plano de integridade da CGU: Integrar essas recomendações ao plano de integridade e enfrentamento da corrupção em elaboração pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Impacto das emendas parlamentares

A recente decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino sobre a alocação de emendas parlamentares no Novo PAC pode aumentar a transparência e rastreabilidade desses recursos. A implementação dessas determinações pelo Congresso Nacional e pelo governo federal, com fiscalização aprimorada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela CGU, poderá assegurar maior efetividade nos investimentos via emendas no Novo PAC.

Questão Jurídica Envolvida A questão central envolve a necessidade de transparência e integridade no processo de planejamento, execução e monitoramento dos projetos do Novo PAC, com foco em prevenir fraudes e corrupção, e garantir a efetividade dos investimentos públicos.

Legislação de Referência

  • Lei 12.846/2013 (Lei Anticorrupção): “Responsabiliza pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
  • Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação): “Regula o acesso a informações previsto na Constituição Federal.”
  • Lei 13.303/2016: “Lei das Estatais – Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias.”
  • Lei 14.133/2021: “Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos.”
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