O jornalista e ativista russo Vladimir Kara-Murza foi transferido para um hospital prisional enquanto cumpre uma sentença de 25 anos por suas críticas à invasão da Ucrânia pela Rússia. A transferência foi anunciada por sua esposa, Evgenia Kara-Murza, em suas redes sociais na sexta-feira.
Problemas de saúde e questões jurídicas
Evgenia revelou que seu marido foi movido de uma prisão de segurança máxima na Sibéria para um hospital administrado pelo sistema prisional. Os advogados de Kara-Murza foram impedidos de visitá-lo, sem justificativa clara, e terão que aguardar até a próxima semana devido às políticas do hospital prisional. Kara-Murza sofre de polineuropatia, uma condição decorrente de duas tentativas de assassinato, o que, segundo a legislação russa, deveria isentá-lo de cumprir pena de prisão.
Reações da comunidade internacional
A Fundação Rússia Livre, organização que defende a democracia na Rússia, emitiu um comunicado exigindo que as autoridades russas permitam imediatamente que os advogados de Kara-Murza o visitem, conforme previsto na lei. A fundação também apelou à comunidade internacional para intervir na defesa dos direitos de Kara-Murza:
“Instamos a comunidade internacional a pressionar o governo russo a respeitar os direitos de Kara-Murza, fornecer transparência sobre sua situação e permitir o acesso imediato de seus advogados. Pedimos às autoridades russas que garantam cuidados médicos adequados e permitam que seus advogados avaliem sua condição sem impedimentos.”
Contexto jurídico e político
Em abril de 2023, Kara-Murza foi condenado a 25 anos de prisão por um tribunal russo, sob acusações de traição e disseminação de informações falsas. Estas acusações surgiram devido às suas críticas abertas à intervenção russa na Ucrânia, resultando na sentença mais longa desde o início do conflito. Após a condenação, ele foi transferido para uma colônia penal de alta segurança em Omsk, na Sibéria.
Legislação de censura e liberdade de expressão
A legislação russa tem sido cada vez mais rigorosa em relação à liberdade de expressão sobre a invasão da Ucrânia, resultando na prisão de várias figuras da oposição. A morte de Alexei Navalny, outro destacado opositor do governo, em uma colônia prisional no Ártico no início deste ano, trouxe ainda mais atenção para o tratamento de dissidentes na Rússia.
Representantes da ONU já criticaram essa legislação russa de censura, afirmando que o objetivo é silenciar qualquer crítica à guerra na Ucrânia.