Julio Cesar Trindade, DJ e jornalista conhecido como DJ Julio “Ele Mesmo”, ingressou com uma ação judicial contra o Hospital Casa de Portugal, no Rio de Janeiro. O processo pede indenização por danos morais e estéticos, após o artista enfrentar uma série de complicações decorrentes de uma cirurgia ortognática, inicialmente planejada para corrigir um quadro de apneia do sono. Segundo o DJ, o procedimento resultou em um verdadeiro pesadelo: 40 dias em coma, infecção por uma superbactéria e múltiplas amputações.
O caso: internação e complicações graves
Conforme publicado pelo colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, Julio Cesar foi internado no Hospital Casa de Portugal em maio de 2024 para realizar a cirurgia. No entanto, apenas 48 horas após o procedimento, o quadro clínico do DJ se agravou. Ele apresentou insuficiência respiratória e pneumonia aspirativa, ambos sintomas de uma infecção hospitalar severa.
Em um desabafo nas redes sociais, Julio relatou a gravidade da situação. “Entrei no hospital para uma cirurgia simples e saí em coma, após uma infecção generalizada, duas paradas cardíacas e a necessidade de um pulmão artificial para sobreviver. Perdi a perna esquerda, dedos do pé e da mão direita, além de parte da audição. É um trauma para a vida inteira”, contou.
A resposta do hospital
O Hospital Casa de Portugal divulgou uma nota oficial negando as acusações feitas pelo DJ. Segundo a instituição, a cirurgia foi realizada por uma equipe odontológica externa, escolhida pelo próprio paciente, e todas as medidas cabíveis foram tomadas para estabilizá-lo. O hospital afirma que o paciente permaneceu na unidade por apenas três dias, sendo posteriormente transferido para outro hospital para o uso de ECMO (pulmão artificial).
“A equipe seguiu todos os protocolos de controle de infecção e cirurgia segura. Lamentamos o desfecho da cirurgia e reiteramos que os esclarecimentos serão dados na esfera judicial”, finalizou o comunicado.
Análise jurídica: os fundamentos do pedido de indenização
Em ações de responsabilidade civil médica e hospitalar, como a que está sendo movida por Julio Cesar Trindade, o ponto central é demonstrar a existência de três elementos: a conduta ilícita, o dano e o nexo causal entre a conduta e o dano sofrido. No caso em questão, o DJ alega que as complicações e as amputações foram consequência direta de falhas nos cuidados prestados pelo hospital.
Se o autor conseguir demonstrar, por meio de perícia médica e documental, que houve negligência, imprudência ou imperícia por parte da instituição ou da equipe envolvida, o pedido de indenização poderá ter fundamento jurídico. A infecção hospitalar, por exemplo, não caracteriza necessariamente erro médico, mas, se for provado que houve falha no controle de infecções ou descuido nos procedimentos pós-operatórios, o hospital pode ser responsabilizado.
Conclusão: desfecho ainda incerto
O caso de Julio Cesar Trindade traz à tona questões importantes sobre a segurança em procedimentos hospitalares e a responsabilidade das instituições de saúde. O processo está em fase inicial, e o desfecho dependerá das provas que serão apresentadas pelas partes ao longo da instrução processual.
Independentemente do resultado, o episódio serve de alerta para pacientes e profissionais de saúde quanto à necessidade de rigor nos protocolos hospitalares, especialmente em cirurgias eletivas que, à primeira vista, parecem simples, mas podem se tornar complexas devido a complicações inesperadas.